FERNANDO PESSOA
Poesias de Álvaro de Campos
Todas as cartas de amor
são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor
se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu
tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há
amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca
escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em
que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras
esdrúxulas,
Como os sentimentos
esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Álvaro de Campos,
21-10-1935
Já fui ridícula. Escrevi cartas de amor e poesias aos 12 anos para um "amor platônico". Belos tempos aqueles em que eu era !ridícula"
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