Como a leitura
entrou em minha vida.
Samuel Vieira dos Santos
Meu
contato com leitura e escrita foi muito diferente dos da maioria dos
depoimentos que li e ouvi até o momento. Gilberto Gil, por exemplo, aprendeu
muito na cozinha enquanto sua avó cozinhava. Danuza Leão era cercada de livros
por toda a parte “Mesmo na infância, não brincava de boneca nem de casinha, mas
devorava revistas em quadrinhos e livros. Só queria ficar no quarto lendo,
lendo, lendo...”, disse. No meu caso,
nasci e vivi até os oito anos na zona rural de “uma fazenda”. Meus pais tinham
pouca instrução escolar, não via a importância da leitura já na infância, ou
via, mas os poucos recursos não permitiam comprar livros.
Meu
primeiro e apaixonante contato com a leitura foi na escola, na quinta série,
com minha professora de Português, Dona Neusa Assad. Isso já na cidade de
Bastos – SP. Quando, no primeiro dia de aula daquele ano, ela leu para a classe
“Quando Lizeta subiu no bonde o condutor ajudou-a. Viu logo o urso de
pelúcia... etc.” ela leu com tanta entonação, e ênfase, e paixão que a partir
daquele dia me tornei um leitor. Antes me faltava esse toque/despertar e
oportunidade. Tornei-me voluntário da biblioteca da Escola Dr. Irineu Büller de
Almeida e seu leitor assíduo. A fome pela leitura era tanta que queria devorar
todos os livros. Lembro ter lido muitos, ou quase todos da Série Vaga-Lume, dos
quais ainda guardo alguns, que naquela época eu já comprava na papelaria. Era
um prazer dialogar com o Menino de Asas, com a família de Éramos Seis. Chorar
em O meu pé de Laranja Lima, e mais tarde em Amor de Perdição.
Como
Danuza Leão, nunca segui um critério de leitura. Num momento estava lendo
Machado de Assis, num outro Érico Veríssimo, em seguida Camões. E assim por
diante. Hoje faço minha as palavras dela “... leio qualquer coisa que chegue às
minhas mãos, de bula de remédio a dicionário, é uma mania...”. Ah! Não posso
esquecer-me da contribuição que recebi de meu irmão mais velho, que preferia me
ensinar e ajudar nas tarefas de matemática, mas creio que nas letras também o
fez.
Que bela história, Samuka!Como havia comentado anteriormente,isso só vem acrescentar a tantos e belos relatos que tive o prazer de compartilhar! Um abraço.
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