segunda-feira, 3 de junho de 2013

Experiências de leitura e escrita – Depoimentos

Como a leitura entrou em minha vida.


Samuel Vieira dos Santos

Meu contato com leitura e escrita foi muito diferente dos da maioria dos depoimentos que li e ouvi até o momento. Gilberto Gil, por exemplo, aprendeu muito na cozinha enquanto sua avó cozinhava. Danuza Leão era cercada de livros por toda a parte “Mesmo na infância, não brincava de boneca nem de casinha, mas devorava revistas em quadrinhos e livros. Só queria ficar no quarto lendo, lendo, lendo...”, disse.  No meu caso, nasci e vivi até os oito anos na zona rural de “uma fazenda”. Meus pais tinham pouca instrução escolar, não via a importância da leitura já na infância, ou via, mas os poucos recursos não permitiam comprar livros.

Meu primeiro e apaixonante contato com a leitura foi na escola, na quinta série, com minha professora de Português, Dona Neusa Assad. Isso já na cidade de Bastos – SP. Quando, no primeiro dia de aula daquele ano, ela leu para a classe “Quando Lizeta subiu no bonde o condutor ajudou-a. Viu logo o urso de pelúcia... etc.” ela leu com tanta entonação, e ênfase, e paixão que a partir daquele dia me tornei um leitor. Antes me faltava esse toque/despertar e oportunidade. Tornei-me voluntário da biblioteca da Escola Dr. Irineu Büller de Almeida e seu leitor assíduo. A fome pela leitura era tanta que queria devorar todos os livros. Lembro ter lido muitos, ou quase todos da Série Vaga-Lume, dos quais ainda guardo alguns, que naquela época eu já comprava na papelaria. Era um prazer dialogar com o Menino de Asas, com a família de Éramos Seis. Chorar em O meu pé de Laranja Lima, e mais tarde em Amor de Perdição.

Como Danuza Leão, nunca segui um critério de leitura. Num momento estava lendo Machado de Assis, num outro Érico Veríssimo, em seguida Camões. E assim por diante. Hoje faço minha as palavras dela “... leio qualquer coisa que chegue às minhas mãos, de bula de remédio a dicionário, é uma mania...”. Ah! Não posso esquecer-me da contribuição que recebi de meu irmão mais velho, que preferia me ensinar e ajudar nas tarefas de matemática, mas creio que nas letras também o fez.

Um comentário:

  1. Que bela história, Samuka!Como havia comentado anteriormente,isso só vem acrescentar a tantos e belos relatos que tive o prazer de compartilhar! Um abraço.

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